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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Reza de mãe


Nem imagino onde eles estão agora,
Era mais fácil quando vestiam o pijama
 e pediam a historia do elefante azul.
Parece que restou um cheirinho de talco 
na  almofada do quarto;
deve ser só impressão...
Nesse tempo, eu não tinha medo da noite;
ela era o telhado dos poetas;
as sombras eram apenas a franja.
mal aparada dos anjos.
A trava na porta me bastava.
Hoje as camas vazias me assustam.
Elas acusam o passar das horas
e denunciam a revoada dos pardais, 
os meus pardais.
Já não posso abrir minhas asas sobre eles.
São pequenas demais para cobri-los,
frágeis demais para defende-los.
Ainda bem que me resta a prece.
Minha aliada nos dias de nuvens
 e nas madrugadas sem fim. 
 Peço perdão pela insistência
mas reza de mãe é assim mesmo,
 pura perseverança.
Que Deus abençoe minhas crianças
de barba na cara e calçado quarenta e dois
(o resto na vida é secundário e fica pra depois)
que as ilumine com seu sorriso
e, se preciso acione seu séquito de estrelas
(se tiver que usa-las prometo devolve-las)
E quando o cansaço me quiser já recolhida,
hei de poder sorrir pela missão cumprida.

Flora Figueiredo

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Melódico

Canto aos quatro cantos,
aos quatro ventos.
Desnudo as pautas do tempo,
em claves, bemóis ou sustenidos
Hei de fazer chegar aos seus ouvidos
uma rima de amor em tom maior.
Quando o mundo canta-la ja de cor,
eu trago a flauta
que põe ternura nessa nota que ainda falta
pra perpetuar o nosso amor na partitura.

Flora Figueiredo